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Estudo da USP comprova despreparo dos aeroportos brasileiros para receber passageiros com deficiência

Rio, 12 de abril de 2013               

“A situação dos aeroportos brasileiros é preocupante no que diz respeito ao direito de ir e vir das pessoas com deficiência” aponta a engenheira responsável por pesquisa da USP, divulgada semana passada, que indica o índice de acessibilidade dos seis principais terminais do país. Em entrevista ao IBDD, a pesquisadora Lígia Gesteira Coelho evidencia que, para a Copa de 2014 e as Olimpíadas no Rio, muitos aspectos dos aeroportos brasileiros devem ser melhorados para atender aos passageiros com dificuldades de locomoção.

Os aeroportos de Guarulhos, em São Paulo, e Juscelino Kubitscheck, em Brasília, apresentaram valores muito próximos e obtiveram os piores resultados entre os seis analisados, ambos com aproximadamente 0,47 (em uma escala de zero a um). “O crescimento da demanda de passageiros não foi acompanhado por uma maior oferta de infraestrutura, o que resulta em uma degradação natural no nível de qualidade oferecido ao usuário”, analisa a pesquisadora em relação à questão da acessibilidade.

Já o aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, foi o que obteve a maior pontuação, com valor de 0,63-  porém ainda totalmente insatisfatório, enfatiza a engenheira:  “Todo mundo sabe que o Rio não está preparado para receber os eventos internacionais. Nenhum dos aeroportos estudados obteve pontuações altas ou, ao menos, satisfatórias”, critica Ligia que, no desenvolvimento e aplicação do índice, considerou perfis de usuários com diferentes restrições de mobilidade, como idosos, gestantes, estrangeiros, cadeirantes e deficientes visuais.

Dentre os principais problemas enfrentados pelos passageiros, o estudo identificou as longas distâncias de caminhamento - com uma quantidade enorme de obstáculos – e a ausência de recursos humanos preparados para comunicação com o usuário, seja para o uso de línguas estrangeiras seja para o uso da língua de sinais para atendimento às pessoas com deficiência auditiva. O único aeroporto que possui linha guia para os cegos é o de Guarulhos. “Os deficientes visuais são praticamente ignorados nos aeroportos”, resume Lígia.

A pesquisadora enumera as melhorias práticas que devem ser estabelecidas com caráter de urgência. “As distâncias de caminhamento devem ser reduzidas ao mínimo possível, as calçadas entre o estacionamento e o terminal de passageiros devem ter superfície regular e devem ser livre de barreiras ou obstáculos. O número de vagas reservadas para pessoas com deficiência nos estacionamentos e nos meio-fios deve ser garantido de acordo com a legislação. Devem estar disponíveis carros para aluguel e táxi adaptados para cadeirantes. O aeroporto deve possuir linha guia ou piso tátil”.

A superintendente do IBDD, Teresa Costa d’Amaral, reclama: “A parte interna do aeroporto precisa ser acessível, assim como o percurso entre as salas de embarque, as aeronaves e a poltrona do passageiro com deficiência. O prazo legal expirou há muito, as autoridades governamentais e as empresas já tiveram tempo suficiente para se adequarem. Espero que a pressão dos grandes eventos no Rio no Brasil mude essa reiterada e absurda realidade de desrespeito aos direitos do cidadão com deficiência”. 

 

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